“Em Brasília, 19h”. No último domingo foi oficialmente encerrado o 10º campeonato brasileiro de futebol de pontos corridos. 10 anos, uma década: número forte, que pode indicar tendências e comportamentos. Como botafoguense, fanático pelo meu time e por estatísticas, percebi um comportamento muito fraco do nosso time nesta década, e resolvi ir a fundo…
Em um campeonato de 20 clubes (caso que se aplica ao nosso Brasileirão) gosto de analisar o “top-5” da classificação. Muitas vezes apenas os 4 primeiros (o famoso G-4) garantem vaga na Libertadores do ano seguinte. Pode ser diferente, quando o campeão da Copa do Brasil e/ou da Libertadores estão no tal G-4, e as vagas são distribuídas até o 5º ou até o 6º colocado. Mas, de qualquer modo, talvez por pura mania, interesso-me em observar o “top-5”: 25% do campeonato, os clubes que realmente disputaram o título ou as vagas para a Libertadores.
Antes de dar qualquer informação aos senhores, mostro uma tabela, que compila o “top 5” de cada uma das edições dos pontos corridos.
Notaram alguma ausência? Sim, eu também, e isto fica ainda mais alarmante quando olhamos a tabela abaixo…
Sim. 16 clubes diferentes conseguiram, pelo menos uma vez, um lugar ao sol nessas 10 edições e se posicionaram no “top 5”. Em um contexto de 12 grandes, somos o único clube que conseguiu aproeza de se posicionar fora desta faixa, mesmo em 10 anos de pontos corridos. E estamos falando do Brasil, país onde o campeonato nacional é um dos mais concorridos e “imprevisíveis”. Se pegarmos as 4 melhores e mais valorizadas ligas do mundo(Inglaterra, Espanha, Itália e Alemanha – todas com 20 clubes, com exceção da Alemanha que tem 18 clubes na 1ª divisão como a Itália era até 2004), todas elas tiveram, como esperado, um nicho menor de clubes figurando entre os 5 primeiros colocados nos seus últimos campeonatos. Isto piora nossa situação: no Brasil a pizza (ainda) é repartida em mais pedaços, e mesmo assim não temos conseguido beliscar um pedaço.
Vamos então “colocar uma lupa” nesses 10 campeonatos brasileiros, dando destaque ao aproveitamento (melhor do que número de pontos, já que o número de clubes participantes na série A mudou de 2003 para cá) do campeão, do 5º colocado, do melhor dos rebaixados….. e do Botafogo.
Como podemos observar, o Botafogo tem se colocado como coadjuvante no Brasileiro, se posicionando quase sempre dentro do “colchão” que separa os fora da Libertadores e os fora do rebaixamento: uma zona de (des)conforto. Se os aproveitamentos percentuais são válidos para analisar apenas dentro de um único campeonato (o nível de “disputa” muda a cada ano), observar o posicionamento do clube entre as curvas “azul” e “vermelha” pode ajudar a explicar muita coisa. E queremos mais do nosso Glorioso, correto?
Mas sempre há uma metade cheia em um copo que está metade vazio: de fato o Botafogo tem apresentado umatendência de melhora no aproveitamento (veja a curva “laranja”) nos últimos anos. De fato, os últimos 3 campeonatos nos colocaram na parte de cima da tabela, alimentando esperanças nos torcedores até as últimas rodadas. Mas isso ainda é pouco.
Com a internet e as telecomunicações cada vez mais pujantes, fica cada vez mais difícil pensar, a longo prazo, em um contexto de 12 clubes igualmente grandes, igualmente importantes, igualmente competitivos, igualmente vencedores. E, imagino, será difícil que a tal “pizza” continue a ser tão dividida como é hoje. É bom começarmos a beliscar logo…
A contratação de Seedorf foi sensacional (um ato de gigantismo do Botafogo), o posicionamento na parte “superior” é muito mais agradável do que entrar para não cair (como fazíamos no final dos anos 90 e no início dos anos 2000), mas o Botafogo precisa urgentemente dar um salto, o chamado “pulo do gato”.
Como fez o Atlético-MG neste campeonato: o Galo nos fazia companhia, e até então nunca tinha ficado no “top 5” do Brasileiro. Com uma campanha muito forte (e injeção financeira do BMG), eles ficaram em um honroso 2º lugar, e vão jogar a Libertadores para valer em 2013. E, na boa? A Libertadores tem nível técnico mais baixo do que o atual Campeonato Brasileiro: entrando, não é difícil chegar em oitavas ou quartas.
Ainda somos gigantes: vejo isso pelo incrível contato que tenho tido com botafoguenses de todas as partes domundo, vejo isso pelo nosso estrondoso e Glorioso passado… Mas precisamos muito (muito mesmo) de algo maior. E não ficaria triste se em 2013 ficássemos de fora do “top 5” mas levássemos a Copa do Brasil. Repare naquela primeira tabela que o Vasco nunca tinha ficado entre o “top 5” antes de ser campeão em cima do Coritiba em 2011.
Temos que entrar muito fortes em 2013. Na era “moderna” do Botafogo (pós-1989), nunca foi tão importante triunfar. O futuro alvinegro já começou. Que Seedorf, que cheira a títulos, “contagie” o nosso jovem e promissor elenco. E que venha um atacante e um zagueiro, ambos de classe: assim, nossa necessidade pode se tornar realidade.
Sem gol de cabeça de Tartá (de 1,71m), sem deixar Freds ou Barcos sozinhos na nossa área: a cada ano que passa o Botafogo tem menos folga para errar. O tempo vai passar, a “pizza” vai acabar. Com uma receita não tão alta assim, não podemos errar em 2013.
E que esse tão falado 2013 venha com títulos e com alegrias. Vamos torcer.
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