domingo, 17 de fevereiro de 2013

Só para Abençoar nosso dia!









Bom Jogo Botafogo de Futebol e Regatas!!!!!!!

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Galera! Só quero que a História fique perpetuada!

Torcedor do Fluminense, Nélson Rodrigues se rende ao nosso eterno ídolo Garrincha em uma partida magistral, realizada 10 dias após a final da Copa do Mundo de 1958.

=============================================================

Amigos, estou diante de um problema, que é o seguinte: — Garrincha foi, há pouco tempo, meu personagem da semana. Poderei repeti-lo sem irritar os leitores? Eis a verdade, porém: — não se trata de escolher, de optar. Ontem, só houve em campo um nome, uma figura, um show: — Garrincha. Os outros três campeões do mundo estavam lá também. Mas Didi, Zagalo e Nílton Santos pertencem à miserável condição humana. São mortais e suscetíveis de todas as contingências da carne e da alma. Jogaram por honra da firma e por um dever contratual. Estavam exaustos e no extremo limite de suas resistências emocionais e atléticas. Garrincha, não. Garrincha está acima do bem e do mal.

O problema de forma física e técnica não existe para ele, nunca existiu. Como os três outros campeões mundiais do Botafogo, ele foi massacrado por apoteoses consecutivas. Desde Brasil x Suécia que o “seu” Mané está em vigília permanente. E, no entanto, vejam vocês: — apareceu em campo com uma disposição vital esmagadora. Ninguém mais ágil, mais plástico, mais alado. Em campo, desde o primeiro minuto, foi leve como uma sílfide.

O futebol era, nesta terra, um esporte passional, sombrio, cruel. O torcedor já entrava em campo vociferando: — “Mata! Esfola!”. Ontem, porém, no Botafogo x Fluminense*, sentiu-se uma curiosa reação: — Garrincha trazia para o futebol uma alegria começou dez dias depois da Copa da Suécia, durante os quais os campeões do mundo foram submetidos a um festival de homenagens. inédita. Quando ele apanhava a bola e dava o seu baile, a multidão ria, simplesmente isto: — ria e com uma saúde, uma felicidade sem igual. O jornalista Mário Filho observou, e com razão, que, diante de Garrincha, ninguém era mais torcedor de A ou de B. O público passava a ver e a sentir apenas a jogada mágica. Era, digamos assim, um deleite puramente estético da torcida.

Aconteceu, então, o seguinte: — foi-se assistir a um jogo e viuse Garrincha. No fim, já as duas torcidas queriam apenas que Garrincha apanhasse a bola e começasse a fazer as suas delirantes fantasias. Então, aplaudiam nas arquibancadas, cadeiras e gerais, com uma euforia de macacas-de-auditório. Por exemplo: — o meu caso. Eu estava lá, como pó-de-arroz nato e hereditário, para torcer pela vitória do Fluminense e contra a vitória do Botafogo. Súbito começo a exultar também. Diante de cada jogada de Garrincha, eu experimentava a alegria que as obras-primas despertam.

E, no entanto, vejam vocês: — chamavam este homem de retardado! Só agora começamos a fazer-lhe justiça e a perceber a sua superioridade. Comparem o homem normal, tão lerdo, quase bovino nos seus reflexos, com a instantaneidade triunfal de Garrincha. Todos nós dependemos do raciocínio. Não atravessamos a rua, ou chupamos um Chica-bon, sem todo um lento e intrincado processo mental. Ao passo que Garrincha nunca precisou pensar. Garrincha não pensa. Tudo nele se resolve pelo instinto, pelo jato puro e irresistível do instinto. E, por isso mesmo, chega sempre antes, sempre na frente, porque jamais o raciocínio do adversário terá a velocidade genial do seu instinto.

No segundo tempo, quase não lhe deram bola. E aconteceu o inevitável: — o Botafogo caiu verticalmente. O Fluminense podia ter empatado, até. Mas ficamos num joguinho platônico, um futebol inofensivo, de passes para os lados e para trás. Resta saber: — de quem é a culpa? De uma indigência de recursos táticos? Ou faltounos um Garrincha, com suas penetrações fulminantes, as suas geniais invenções? No primeiro tempo, botafoguenses e tricolores punham as mãos na cabeça: — “Isso não existe!”.

Eu falei, mais atrás, que ele foi, na sua agilidade, algo de muito leve, de muito etéreo. De fato, na etapa inicial, Garrincha deu uma bicicleta de sílfide. Terminado o jogo, saímos do estádio com a ilusão de que tínhamos visto não um jogo, não dois times, mas uma figura única e fantástica: — Garrincha, o meu personagem da semana. 

Nelson Rodrigues, [Manchete Esportiva, 19/7/1958] 

* Botafogo 2 x 1 Fluminense, 10/7/1958, no Maracanã. O campeonato carioca

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Para Encerrar o Assunto!


Muito mais preocupante do que o vídeo, os termos e a polêmica, é a reação das pessoas. O vídeo mostra bastidores, algo que todo sujeito de meia noção de realidade sabe que existe, como funciona e ainda assim, quando aberto, choca.
Diria mais: O que foi pro ar foi a parte mais leve da preleção. Ali dentro deve ter tido gritos de “vamos acabar com os viadinhos!”, e do outro lado, “vamos fazer aquela cachorrada chorar de novo!”.
Porque? Porque é assim. É meramente uma palavra de incentivo para tirar o sujeito da zona de conforto, só isso. Qualquer pessoa que jogou bola na vida uma vez sequer sabe que isso existe, e não vejo nenhum motivo a não ser “viadagem” para repudiar que os torcedores possam ver isso de vez em quando.
Me incomoda a polêmica em torno de algo cotidiano.  Você pode chamar um gay de “viado” durante 20 anos e nunca alguém vai sequer estranhar. Mas chama com uma camera ligada ou numa rede social pra você ver o show de hipocrisia que isso gera.
Ser natural incomoda. As pessoas preferem fingir que não sabem como funciona meramente pra fazer cara de susto e, na sequencia, fazer um belo discurso numa rede social qualquer.
Outro dia o Felipão foi condenado pela imprensa porque dizia no vestiário pra “cuspir”, enfiar a mão na cara, etc. Era Corinthians x Palmeiras, semifinal de Libertadores. Acredite: o menor pontapé sem bola faz parte daquilo. Se não fizesse, seria só mais um clássico.
“Po, Perrone! Então você é a favor da violência? “.
Claro que não, cacete.  Mas o que se usa pra incentivar, deixar o sujeito pilhado não é pra levar ao pé da letra. Quando você diz numa briga que “vai matar fulano”, você não vai. Quando diz que “agora é guerra”, não é.
São termos, formas, rituais do futebol que são usados para fazer subir sangue nos olhos dos jogadores antes do jogo. Só isso.
O Oswaldo, que considero um tremendo “morto” para o cargo de líder, me surpreendeu até. Acho bom técnico, mas acho péssimo para lidar exatamente com essas situações.  Seu time joga bem mas vibra pouco. E se ele está começando a pedir mais vibração, “entrar na pilha”, etc,… Ótimo!!
“Mas você não acha um absurdo o Botafogo colocar isso em seu site oficial?”
Não! Claro que não! Ele está abrindo pra torcida um momento de bastidor, uma curiosidade, algo bacana, interessante. Que puta bobagem o Fluminense se sentir ofendido com isso. Só porque a preleção do Abel não foi pro site? Então coloca ué.
Um dia será revelado ao mundo que celebridade vai ao banheiro, que sua mãe faz/fez sexo com seu pai, e então teremos uma geração internada fazendo terapia para “superar” mais esse trauma.
Volta a arder,Merthiolate! Pelo amor de Deus….
http://www.ricaperrone.com.br/2013/02/a-verdade-assusta/